Interdisciplinaridade é tema, teoricamente definido e esclarecido, mas praticamente polêmico e obscuro. O educador está acostumado a trabalhar de forma isolada . O trabalho deve ser compartilhado através do diálogo, compartilhando saberes, ainda é utopia.
Neste sentido, não me refiro à interdisciplinaridade como uma ciência aplicada, mas sim como estudo em desenvolvimento de um processo dinâmico, integrador e sobretudo dialógico.
O ponto de partida da prática interdisciplinar está na ação. Dessa maneira, faz-se necessário dialogar entre as disciplinas e os sujeitos das ações.
O termo interdisciplinaridade nos leva a muitas interpretações, mas em todas está implícito uma nova postura diante do conhecimento, uma mudança de atitude em busca da unidade de pensamento.
“A interdisciplinaridade desenvolve a identidade às disciplinas , fortalecendo-as e evidenciando uma mudança de postura na prática pedagógica. Tal atitude embasa-se no reconhecimento da ‘provisoriedade do conhecimento’, no questionamento constante das próprias posições assumidas e dos procedimentos adotados, no respeito à individualidade e na abertura à investigação em busca da totalidade do conhecimento.” (Ivani Fazenda,1994).
Não se propõe aqui a eliminação das disciplinas, mas dar movimento reflexivo entre as mesmas, tendo com ponto de convergência a ação que desenvolve o trabalho cooperativo. Assim teremos alunos e professores sujeitos da sua própria ação, engajados num processo de investigação, re-descoberta e construção coletiva do conhecimento, ignorando a divisão de conhecimento em disciplinas. Ao compartilhar idéias, ações e reflexões, cada participante se sentirá ao mesmo tempo ‘ator’ e ‘autor’ do processo.
O engajamento entre os sujeitos da ação é também de cada sujeito consigo mesmo, analisando a partir de um conjunto de influências que aí ocorrem e que se encontram em equilíbrio provisório e sempre estão vias de transformações. Cada sujeito exerce uma esfera de influências que se manifesta num raio de ação mais ou menos extensa e que interfere aos demais que estão à sua volta. Todo o encontro com o outro supõe um confronto de idéias onde cada qual trás seu testemunho para o outro. Para Gusdorf (1967) cada ser é responsável pela introdução de um ponto de descontinuidade, cujas contradições devem ser discutidas e compartilhadas com os demais membros do grupo, buscando equilíbrio em um novo patamar. Porque as dificuldades para implementação de um projeto interdisciplinar são muitas, onde os maiores obstáculos são a falta de diálogo, engajamento e participação efetiva dos professores num projeto comum para superar a fragmentação, cada professor representa uma disciplina, rigidez na organização dos horários e a falta de tempo livre para trabalho transversal de colaboração com outras disciplinas.
Numa postura interdisciplinar incita um pensamento em direção ao enfrentamento de tensões que se criam durante o seu processo de elucidação, possibilitando a superação de dicotomias, divisões tradicionais da visão de mundo através da linguagem quer seja de forma natural ou artificial, como é o caso da linguagem computacional. Para formalizar o pensamento, o homem apropria-se da linguagem da palavra, dando significado segundo a sua própria experiência, re-elaborando e revelando-se ao outro. Ao mesmo tempo em que o homem se expressa, toma consciência de si mesmo como um ser singular no mundo, com potencialidades e limitações próprias. Como já afirmava Gusdorf, a palavra de cada ser se manifesta da forma que se constituiu em si mesmo a partir do mundo em que esta. Assim, a palavra esta sempre no ato construindo a essência mundo e a essência do homem. Sendo que este ser do mundo tem capacidade de interferir e modificar o próprio mundo.
Profª Senhorinha da Silva Goi
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